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Advocacia em tempos de crise

Cada vez mais, o advogado tem feito parte da construção do planejamento estratégico das empresas.

quarta-feira, 7 de outubro de 2015

Atualizado em 6 de outubro de 2015 12:52

Em tempos de crise, a reflexão tem sido um dos caminhos para buscarmos soluções e alternativas, em todos os setores e atuações profissionais. Podia mencionar aqui assuntos como a incerteza política, os desajustes econômicos anunciados e um esforço enorme de todos no setor privado para superar os desafios atuais.

Mas isso poderia ser o óbvio e então resolvi dar mais um passo: falar da própria atividade da advocacia enquanto negócio e das novas oportunidades que surgem nestes tempos.

Em primeiro lugar, é preciso lembrar que um escritório de advocacia, na medida em que cresce e se estrutura tem o mesmo formato de uma empresa. Ele emprega funcionários, paga tributos, precisa ter uma estrutura de informática para funcionar, precisa cobrar e receber os seus honorários, precisa controlar despesas, fazer reservas financeiras, precisa se planejar enquanto empreendimento, ter um orçamento, um plano de atuação, a definição de uma estratégia, escolher as áreas do Direito em que vai atuar e se especializar, etc. Tudo, tudo, exatamente como qualquer empresa.

Assim, aqueles escritórios e advogados que cumpriram estas etapas e conseguiram se planejar, certamente vão enfrentar tempos mais bicudos na economia, com um pouco mais de folga e vantagem do que os demais, que não se preocuparam com este tipo de situação.

De qualquer forma, nunca é demais repetir o "mantra" a todo tempo entoado por consultores em palestras de motivação: "Em chinês, o ideograma que indica o termo 'crise' é formado pelas figuras do 'perigo' e da 'oportunidade'". Eu não falo chinês, mas tenho ouvido isso há um bom tempo e, de certa forma, incorporamos essa ideia na cultura ocidental, sempre buscando nela uma fuga das energias pesadas que pairam sobre o ambiente em momentos como este.

Então, se há na crise muito risco e perigo para as atividades em geral - incluindo a advocacia - da mesma forma, circunstâncias graves e complicadas sempre trazem algum espaço para novas oportunidades.

Em cenários de crise econômica, normalmente, acentuam-se inadimplências de toda ordem (tributos, financiamentos bancários, fornecedores) e isso sempre gera litígios que, não raro, demandarão o trabalho jurídico de advogados.

Ao mesmo tempo, é em momentos como esse que as empresas se despertam para a necessidade de melhor planejar o seu empreendimento. Nesse instante é que surge uma face muito importante da atividade do advogado: ser partícipe da formatação do plano estratégico das empresas. Mudanças, muitas vezes, exigem alterações societárias, organizações internas para afastar passivos tributários, trabalhistas, ambientais, etc.

Cada vez mais, o advogado tem feito parte da construção do planejamento estratégico das empresas. Ele tem ocupado cadeiras em conselhos de administração, tem participado de comitês jurídicos e técnicos que avaliam riscos, buscam soluções para o negócio, entre outros.

Há muito tempo a advocacia deixou de ser procurada só quando surgia um problema. Ela também passou a ser protagonista do planejamento estratégico das empresas.

Em tempos de crise, tudo isso aflora com muita força, trazendo a atividade do advogado para palco principal destas ações, valorizando a nossa atividade profissional e gerando oportunidades.

Sucesso a todos os colegas advogados!

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*Evandro A. S. Grili é sócio e diretor-executivo do escritório Brasil Salomão e Matthes Advocacia.


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