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Projeto DNA do Brasil

É uma verdadeira ponte ligando harmoniosamente o passado a um futuro promissor carregando melhores práticas para a ars curandi.

domingo, 15 de dezembro de 2019

Atualizado em 16 de dezembro de 2019 07:04

Após tanta evolução da ciência médica, principalmente pela decifração do genoma humano, que contou com o nihil obstat da humanidade, motivo de renovação da esperança universal para buscar novos dividendos de saúde que possam garantir uma longevidade com a desejada qualidade de vida, é de se concluir que a medicina caminha por uma nova via. Ao mesmo tempo, muitas moléstias até então consideradas incuráveis, pela árdua e constante peregrinação científica, descortinada por várias linhas de pesquisa, apresentam resultados encorajadores apontando para uma nova era de grandes conquistas.

O avanço das pesquisas nos últimos anos contemplou a humanidade com descobertas que revolucionaram a medicina, principalmente na leitura do DNA, com a finalidade clara e indiscutível de localizar os genes considerados defeituosos para, na sequência, combater as doenças de cunho genético. Conhecer a função que cada gene exerce no interior do DNA significa ler a informação genética e descobrir o código da vida. A ciência inclina-se, desta forma, para desvendar os genes responsáveis por determinadas moléstias, como Alzheimer, síndrome de Down, mal de Parkinson e muitas outras, com a intenção de alterar o código genético e possibilitar sua erradicação definitiva.

Assim como a história do Brasil é importante para o conhecimento do país, vez que relata todos os acontecimentos relevantes até os dias atuais, o conhecimento do genoma da população é igualmente necessário para se conhecerem as informações genéticas que apontem as características do povo.

O projeto "DNA do Brasil", assim conhecido, foi finalmente lançado e será liderado pela geneticista Lygia da Veiga Pereira, da USP. Cerca de 15 mil brasileiros, na faixa de 35 a 74 anos de idade, participarão voluntariamente da pesquisa, ofertando o consentimento informado para tanto, cujos dados serão anonimizados, observando que já participam de um outro projeto denominado ELSA (Estudo Longitudinal de Saúde do Adulto).1

O objetivo da pesquisa, como sói acontecer nos países que aderiram rapidamente à iniciativa, é conhecer os fatores genéticos do povo brasileiro para compreender as doenças mais prevalentes e atuar preventivamente, formando uma verdadeira arquitetura do genoma pátrio onde serão encontrados indicadores clínicos que detectarão os prováveis grupos de risco e as recomendadas ações que devem ser tomadas para combatê-los. A leitura do DNA, desta forma, irá oferecer condições para garimpar informações importantes para que seja feito o reconhecimento do código genético da população e, a partir desse marco, possa fazer a prevenção contra as doenças com predisposição genética localizada.

É sabido que a população brasileira não é proveniente de uma única origem. Pelo contrário. Pela sua formação histórica, é fruto de uma miscigenação exacerbada. Aqui encontramos desde os povos indígenas, africanos, portugueses, italianos, espanhóis, alemães e outros imigrantes europeus, asiáticos e orientais, formando uma integração genética e cultural. Uma verdadeira Torre de Babel genética.

O projeto, por se tratar de uma inovação, que certamente renderá inúmeros benefícios para a saúde da população, merece o prestígio da comunidade uma vez que desempenhará importante tarefa e proporcionará ao Estado novas leituras para desenvolver políticas públicas que visem à redução de doenças tendo como prioridade as ações preventivas. Parte-se para uma medicina preventiva estruturada no genoma para garantir a saúde das pessoas. É uma verdadeira ponte ligando harmoniosamente o passado a um futuro promissor carregando melhores práticas para a ars curandi.

A humanidade, lentamente, vem reconhecendo a importância de que o segredo da vida está contido em cada um e na totalidade dos homens.

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*Eudes Quintino de Oliveira Júnior é promotor de Justiça aposentado/SP, mestre em direito público, pós-doutorado em ciências da saúde, reitor da Unorp, advogado.


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