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Saúde

Plano deve reembolsar, no limite contratado, despesa em hospital não credenciado

Decisão é do STJ.

Da Redação

quinta-feira, 27 de junho de 2019

Atualizado às 15:51

A 3ª turma do STJ decidiu que os planos de saúde são obrigados a reembolsar, nos limites do contrato, as despesas realizadas pelo beneficiário em hospital não credenciado, nas hipóteses em que não for possível a utilização dos serviços próprios, contratados ou credenciados pelas operadoras.

A ação contra o plano de saúde foi ajuizada por beneficiário que foi equivocadamente diagnosticado e tratado como se tivesse tuberculose. Após seis meses de tratamento incorreto, ele se submeteu a novos exames em hospital não credenciado pelo plano e recebeu o diagnóstico de câncer de pulmão. O atendimento no novo hospital gerou um débito de cerca de R$ 49 mil - ele morreu no curso do processo.

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Na decisão, o colegiado adotou interpretação mais ampla do artigo 12 da lei 9.656/98, permitindo o resguardo dos interesses do beneficiário sem prejuízo ao equilíbrio atuarial das operadoras de planos de saúde, já que o eventual reembolso deve respeitar os limites da tabela prevista no contrato.

A relatora, ministra Nancy Andrighi, ressaltou que o referido artigo, a princípio, limita o reembolso das despesas médicas às hipóteses de urgência ou emergência. Mas prosseguiu lembrando que a operadora de plano de saúde deve ressarcir o SUS quando seus beneficiários se utilizarem do serviço público de atenção à saúde, conforme procedimento próprio estabelecido na resolução 358/14, da ANS.

"Se a operadora de plano de saúde é obrigada a ressarcir o SUS na hipótese de tratamento em hospital público, por que razão não haveria de reembolsar o próprio beneficiário que se utiliza dos serviços do hospital privado que não faz parte da sua rede credenciada."

Assim, entendeu que por regra de boa-fé e da proteção da confiança nas relações privadas a solução reside justamente na possibilidade de ressarcimento ao beneficiário nos limites do que foi estabelecido contratualmente.

Segundo a ministra, essa interpretação respeita, de forma concomitante, o equilíbrio atuarial das operadoras e o interesse do beneficiário que escolhe hospital não integrante da rede credenciada de seu plano - e que, por conta disso, terá de arcar com o excedente da tabela prevista no contrato.

Para Nancy, a decisão não acarreta desvantagem exagerada à operadora, "pois a suposta exorbitância de valores despendidos pelo recorrido na utilização dos serviços prestados por hospital de referência em seu segmento será suportada pelo próprio beneficiário, dado que o reembolso está limitado ao valor da tabela do plano de saúde contratado".

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