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STF

PGR questiona deslocamento de competência dos JECrims para Justiça comum

Para procurador-Geral, tal deslocamento contraria o princípio do juiz natural.

Da Redação

sábado, 4 de abril de 2015

Atualizado em 2 de abril de 2015 12:12

O procurador-Geral da República, Rodrigo Janot, questiona no STF dispositivos que permitiram o deslocamento de processos da competência dos Juizados Especiais Criminais para a Justiça Comum ou para o Tribunal do Júri. Na ADIn 5264, ele contesta os artigos 1º e 2º da lei 11.313/06, que alteraram o artigo 60, caput e parágrafo único, da lei 9.099/95 e o artigo 2º, caput e parágrafo único, da lei 10.259/01.

De acordo com o procurador-Geral, os dispositivos atacados possibilitaram, mediante a utilização dos institutos da conexão e da continência, o processamento e julgamento pela Justiça Comum ou pelo Tribunal do Júri de infrações penais de menor potencial ofensivo, "as quais são da competência material absoluta dos Juizados Especiais Criminais". Ele alega que tal deslocamento contraria o princípio do juiz natural (artigo 5º, incisos LIII), bem como o artigo 98, inciso II, da CF, por estabelecerem hipótese de modificação, por norma infraconstitucional, de competência estabelecida na CF.

Na ADIn, Rodrigo Janot sustenta que a competência dos Juizados Especiais Criminais é absoluta, "não podendo, por essa razão, ser modificada pela vontade das partes ou por causas legais de prorrogação, como a conexão ou a continência". "Do contrário, caso admitida a modificação, haveria desvirtuamento do interesse público e dos objetivos para os quais tais órgãos jurisdicionais foram criados e, mais ainda, contrariedade à aludida regra constitucional", ressalta.

Dessa forma, o procurador-Geral pede para que o Supremo declare a inconstitucionalidade total dos acréscimos promovidos pelos dispositivos da lei 11.313/06 ao parágrafo único do artigo 60 da Lei 9.099/95 e ao parágrafo único do artigo 2º da lei 10.259/01; bem como a inconstitucionalidade parcial, sem redução de texto, das alterações promovidas na cabeça desses dispositivos legais a fim de afastar interpretação que admite o deslocamento de processos dos Juizados Especiais Criminais para órgãos jurisdicionais diversos, como Justiça comum ou Tribunal do Júri. A relatora da ADIn 5264 é a ministra Cármen Lúcia.